Gastrite é uma inflamação da mucosa que reveste a parede interna do estômago. Esta inflamação pode acometer toda a mucosa estomacal ou parte dela, a depender da gravidade da doença. Muito se sabe já sobre os alimentos que pioram o estado de gastrite, como frituras, comidas gordurosas, bebida alcoólica, café, refrigerantes, alimentos muito picantes, chá preto e chá mate, os quais aumentam a irritação na mucosa que reveste o estômago, agravando as dores e a inflamação. Entretanto, faz-se importante ter conhecimento dos alimentos e hábitos que ajudam a controlar a gastrite.
Destacam-se os alimentos com ação anti-inflamatória, ou seja, alimentos que tem a capacidade de proteger a mucosa do estômago e, ainda, inibir o crescimento e a infecção pela bactéria Helicobacter pylori e proteger este órgão do desenvolvimento de uma úlcera, problemas muito comuns de pacientes que apresentam gastrite crônica. Alguns exemplos destes alimentos são: cacau 100%; uvas roxas; temperos como açafrão; ômega 3, o qual pode ser obtido em peixes, como salmão, truta e salmão rabilho; curcumina, composto bioativo encontrado na raiz da cúrcuma; e o gel de aloe vera. Alguns destes, são mais facilmente obtidos por meio de suplementos, como é o caso do ômega 3, a curcumina e o gel de aloe vera.
A aveia é outro alimento que se destaca quando o assunto é tratamento da gastrite. A aveia é um cereal que contém uma fibra chamada de beta-glucana. Quando ela chega no estômago, absorve água formando um gel viscoso criando uma camada de muco, a qual irá proteger o estômago contra irritação, aliviando dores e a inflamação dentro dele. O ideal é consumir de 3 a 6 colheres de sopa por dia para ingerir quantidade adequada desta fibra. Associada a ela, é importante que a base da alimentação seja de alimentos fonte de proteínas magras, como frango, peixes e ovos; carboidratos encontrados em batatas, arroz integral, mandioca, frutas, legumes, feijão e grão de bico; e gorduras boas como aquelas encontradas no abacate, azeite de oliva, castanhas e nozes.
Ao realizar uma refeição é importante se atentar para os seguintes fatos: deve-se facilitar o trabalho digestivo sempre. Isso envolve fracionar mais as refeições durante o dia (5 a 6 refeições/dia), diminuir o volume de comida nas refeições, mastigar bem os alimentos e preferir os alimentos mais cozidos, picados, desfiados e com menos gordura na composição. Assim, se você consome 2 bifes durante o almoço passe a consumir 1, ou se você consome batata frita passe a preferir a batata cozida ou na forma de purê (com pouca gordura), por exemplo.
Uma orientação importante para quem tem gastrite associada às sensações de empachamento, arrotos e formação de gases no estômago após realizar uma refeição, é que deve ser feito o controle do equilíbrio ácido-base do estômago. Isso pode ser feito ingerindo 1 copo com limão espremido 15 minutos antes das refeições. Esta estratégia pode melhorar a digestão dos alimentos dentro do estômago controlando os sintomas indesejados. Além disso, associado a todos os alimentos citados neste artigo, a inclusão de alguns chás que apresentam efeito calmante para a mucosa gástrica, como o chá de camomila, erva-cidreira (capim-limão) e de espinheira santa. Estas plantas funcionam como prazóis, diminuindo a irritação no estômago. A orientação é incluir até 3 xícaras de chá por dia (caso necessário), 1h30 antes das principais refeições do dia, podendo ser feito um rodízio semanal quanto aos tipos de chás.
As estratégias listadas neste artigo devem ser adotadas como parte do estilo de vida, e não de forma temporária, visto que além de ajudarem a controlar o problema de gastrite, também melhoram a qualidade de vida e previnem de outros problemas do trato digestivo.
Referências utilizadas:
Gudej S, Filip R, Harasym J, Wilczak J, Dziendzikowska K, Oczkowski M, Jałosińska M, Juszczak M, Lange E, Gromadzka-Ostrowska J. Clinical Outcomes after Oat Beta-Glucans Dietary Treatment in Gastritis Patients. Nutrients. 2021 Aug 14;13(8):2791.
Yang N, Sampathkumar K, Loo SCJ. Recent advances in complementary and replacement therapy with nutraceuticals in combating gastrointestinal illnesses. Clin Nutr. 2017 Aug;36(4):968-979.
Autora
Luana Bernardi, Nutricionista e Doutora em Tecnologia e Saúde.
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