Talvez você já tenha ouvido falar sobre diverticulite ou conheça alguém que tenha ou já teve divertículos no intestino. A diverticulite é a inflamação de pequenas bolsas, chamadas divertículos, que podem se formar nas paredes do cólon, a parte final do intestino. As causas e os fatores que levam à formação destes divertículos são diversos, como o hábito de fumar, consumo excessivo de carne vermelha, alcoolismo, alta ingestão de cafeína e baixo consumo de fibras. Assim, estes fatores de risco podem aumentar a predisposição para o desenvolvimento de divertículos e, com o tempo, se não for tratado, evoluir para diverticulite.
É crucial distinguir diverticulose e diverticulite. A diverticulose indica a presença de divertículos na parede do intestino, muitas vezes assintomáticos. No entanto, sem um cuidado adequado e em presença de fatores de risco, como os mencionados anteriormente, essas bolsas podem inflamar ou infeccionar, levando à diverticulite. Esta é uma condição aguda que requer tratamento com antibióticos e uma dieta específica.
No tratamento da diverticulose, a ingestão adequada de fibras desempenha um papel crucial. O consumo diário de fibras acima de 25g para mulheres e 26g para homens reduz o risco de inflamação dos divertículos. Incluir frutas, vegetais, legumes com cascas, cereais, sementes como chia, linhaça e farelo de psyllium contribui significativamente para a prevenção da diverticulite. Além disso, é importante aumentar a ingestão de água simultaneamente para garantir que as fibras atuem corretamente no intestino. Este consumo de fibras e aumento da ingestão de água está associado também à prevenção da constipação. Esta condição intestinal pode levar à obstrução dos divertículos, aumentando o risco de diverticulite. Assim, a ingestão de 2 a 3 litros de água por dia é recomendada e a incorporação de atividade física na rotina ajuda a prevenir e tratar a constipação.
Ao contrário do que se acreditava no passado, o consumo de sementes e grãos não está associado a um maior risco de diverticulite. Estudos indicam que nozes, castanhas, sementes e alimentos que contêm sementes, como tomate, uvas, milho e pipoca, não aumentam o risco de desenvolvimento de divertículos ou diverticulite.
Para aqueles com o diagnóstico de diverticulose, é importante priorizar uma alimentação saudável, com foco em alimentos menos processados e menos inflamatórios. Isso inclui proteínas magras, temperos naturais, evitar frituras e o uso excessivo de óleo, dando preferência ao azeite de oliva extra virgem, além de castanhas, frutas, legumes, grãos integrais e carboidratos integrais.
Mas, se o diagnóstico é de diverticulite, é essencial reduzir a carga sobre o trato digestivo, evitando a formação excessiva de fezes e o processo de fermentação intestinal. O tratamento varia com base no grau de comprometimento, podendo incluir jejum, dieta parenteral ou uma dieta leve e de fácil digestão associada ao uso de antibióticos. Após a fase aguda, as orientações para a diverticulose devem ser mantidas.
Em resumo, a abordagem nutricional para divertículos envolve uma dieta equilibrada, rica em fibras, consumo adequado de água e a prática de atividade física. Priorizar alimentos naturais e evitar substâncias inflamatórias é fundamental para a prevenção e manejo da diverticulite. Lembre-se de consultar um profissional de saúde para orientações personalizadas.
Referências:
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Autora
Luana Bernardi, Nutricionista e Doutora em Tecnologia e Saúde.
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